quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Não basta saber ler que "Éva viu a uva", diz ele. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.Idéias de Paulo Freire

PENSAMENTO DE PAULO FREIRE


"Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutro, minha prática exige de mim uma distinção. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim uma escolah entre isto ou aquilo.
Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem e da Humanidade, frase de uma vaguidade deamsiado constratante com a concretude da prática educativa. Sou professor a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a silenciosidade, da democracia contra a ditadura da direita ou da esquerda.
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza. Sou professor a favor da boniteza de minha prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser testemunho que deve ser do lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste." Paulo Freire, educador.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

*♥*´¯`*.¸¸.*´¯`* Experiencias na EJA *´¯`*.¸¸.*´¯`*♥*História da Eja em Natal



"Os animais não têm história, pois não percebem que são distintos do mundo, mas o ser humano percebe essa diferença e constrói uma história e transforma o mundo" - Paulo Freire
DE PÉ NOCHÃO TAMBÉM SE APRENDE A LER
A campanha nasceu da aspiração popular
Consultando as pessoas residentes nos bairros periféricos, Djalma Maranhão descobriu que a necessidade número um, reclamada por todos, era uma só "escolas para crianças que, sem poder adquirir farda ou sapatos, não podiam freqüentar os grupos escolares construídos pelo governo do Estado. As crianças sem estudos, sem divertimentos, sem boa alimentação, sem roupas, na miséria, eram as futuras prostitutas e os futuros marginais. Elas precisavam, portanto, aprender a ler e a escrever para, prosseguindo nos estudos, pudessem ascender socialmente.
A escola deveria, fornece tudo: o professor, a carteira, o material escolar e, inclusive, a merenda. A educação, portanto, seria o único caminho pelo qual os meninos pobres poderiam mudar de "status", sair da miséria.
Djalma Maranhão, ligado desde suas origens, às reivindicações populares, compreendeu de imediato a dramaticidade daquela necessidade. Aceitou o desafio. Designou o professor Moacyr de Góes para planejar, organizar e executar a campanha para erradicar o analfabetismo em Natal.
Uma diretora de Acampamento, ao observar que seus alunos chegavam atrasados às aulas, teve uma idéia: antes do início das aulas, promovia uma minipartida de futebol. Assim, diariamente, os meninos jogavam sua partidazinha de futebol. Criando, ao mesmo tempo, o hábito de acordar cedo para chegar na escola na hora certa.
Em abril de 1961, através de uma carta, Djalma Maranhão mostrava o porquê da campanha: "Há momentos decisivos na vida dos povos. É a hora em que a História marfa as suas encruzilhadas. Acreditamos que o povo brasileiro vive um desses momentos. Na sua luta contra o subdesenvolvimento ele precisa se erguer do solo e ganhar a sua independência de ação. E só poderá fazer isso se for alfabetizado e tiver uma educação mínima que o faça afirmativo na sociedade. Acreditamos que chegamos nessa encruzilhada: ou o povo se alfabetiza ou se escraviza.".
Após apresentar dados estatísticos sobre o analfabetismo em Natal, dizia o que estava fazendo: "o número de 'Escolinhas' já está em 205. Mas são precisas 1.878 para erradicar o analfabetismo da Cidade. Presentemente estamos ensinando a ler até debaixo de palhas, pois nas Rocas construímos cinco pavilhões de 8 metros por 30, cobertos de palhas de coqueiros, com piso de barro batido, onde estudam cerca de 1.200 crianças e 300 adultos. Bem justificado é o nosso slogan: "DE PÉ NO CHÃO TAMBÉM SE APRENDER A LER.
Para realizar tal obra, o prefeito solicita ajuda da população: "Por outro lado, a Prefeitura, sozinha, não está capacitada financeiramente para arcar com todos os ônus da educação popular na cidade. Precisamos, assim, da ajuda de todos. Precisamos da sua ajuda".
Para concluir, afirma Djalma Maranhão: "Queremos ser soldados da campanha de um amanhã melhor para o povo, através da educação. Nessa mensagem queremos recordar a você. De Natal subdesenvolvido, no Nordeste subdesenvolvido, clamamos para todo o Brasil: precisamos nos dar as mãos, numa grande força, para alfabetizar o povo e oferecer-lhe a educação necessária ao desenvolvimento do País".
A campanha cresceu de maneira extraordinária passando por várias fases. A das "escolinhas municipais", que funcionavam em salas cedidas por particulares. Depois, os "Acampamentos Escolares", escolas rústicas com piso de barro batido e cobertas por palhas de coqueiros. Para os adultos que não queiram estudar nos "acampamentos", o ensino era feita na casa do analfabeto, onde se reunia um grupo não superior a seis pessoas. Os professores eram recrutados entre meninos e meninas do Grupo Escola Isabel Gondim, que se apresentavam para ensinar sem receber salário. Um fato de grande importância foi sem dúvida a construção do Centro de Formação de Professores, cuja direção, foi entregue à professora Margarida de Jesus Cortês. O "Centro" passou a ser o cérebro da campanha.
Atendemos a uma necessidade da população mais carente, da periferia da cidade, foi criada a "Campanha de Pé no Chão Também se Aprende uma Profissão".
Simultaneamente, o governo do Estado adotou o método Paulo Freire, em iniciativa pioneira de alfabetização em 40 horas.

alunos EJA/2007